PRESERVAÇÃO
DA NATUREZA
Considerando o fato
da necessidade do trabalho de História e Geografia, e que este não
se resume basicamente à cidade e
às transformações da paisagem ao longo do tempo, percebe-se a
importância de um trabalho contextualizado, para que se torne mais
fácil a compreensão das relações de poder, autoridade e
hierarquia presentes no município, bem como as modificações da
paisagem pois, para Santos (1988), “tudo
aquilo que nós vemos, o que nossa visão alcança, é a paisagem.
Esta pode ser definida como o domínio do visível,
aquilo que a vista abarca. Não é formada apenas de volumes, mas
também de cores, movimentos, odores, sons etc.”
Iniciei
trabalhando a biografia dos alunos, falando sobre o que esperam do
futuro, de acordo com a fala da autora Maria Aparecida Bergamaschi:
“Proponho que se busque articular as trajetórias dos
alunos e professores, suas histórias de vida
(biografias) com a história social (processo histórico, coletivo).
Nesse sentido, destaca-se a importância da memória individual e da
memória social - que se materializa nos diferentes espaços da
cidade: ruas, prédios, museus, aterros, diques, pontes,
desmatamentos, praças...”, trabalhando a história de vida, tanto
do aluno como do professor, o ensino de História e Geografia e das
noções de temporalidade se torna facilitado.
O livro escolhido
para suporte do projeto foi “Mas será que nasceria a macieira?”,
de Priscila Kellen e Alê Abreu. Este trabalho auxiliará os alunos
na “construção das noções de temporalidade", acontecendo
de forma lúdica e prazerosa.
Como continuidade do
projeto, os alunos deveriam observar também as modificações das
paisagens em nosso entorno, no entorno de nossa casa, de nossa
escola, além de observar as mudanças de nossa cidade, realizando o
acompanhamento e envolvendo a família na construção de maquetes e
no registro com fotografias.
Resgatamos imagens
da cidade no seu início, na sua criação e comparamo-las com as
imagens do hoje, assim como bem citado no texto de Bergamashi:
“Além de
aprender que o tempo é medido a partir de uma referência, de acordo
com as irregularidades socioculturais de diferentes grupos
e momentos históricos, os alunos poderão, ainda, ser incitados
ao conhecimento da existência de diversidades na forma de pensar e
sentir os tempos: o tempo métrico (do relógio, do calendário), o
tempo da natureza (do ciclo da vida, das fases da lua, do dia e
da noite, das estações do ano...), o tempo geológico (das
lentas transformações, das "eras"), o tempo das
diferentes culturas (dos cristãos, dos judeus, dos
muçulmanos), o tempo subjetivo (do sentimento de
tempo individual) e o ritmo e a ordenação temporal
para diferentes pessoas, para diferentes atividades e
instituições (o tempo do cozimento dos alimentos, o tempo do
recreio, o tempo de cada aula, do jogo de futebol, ...).”
(BERGAMASCHI: 2000)
Com o trabalho sobre
o livro “Mas será que nasceria a macieira?” foi possível
observar os ritmos, a duração, a velocidade com que as mudanças
ocorrem, identificando, assim, os três tempos: o tempo do
acontecimento breve, o da conjuntura e o da estrutura, como citado
nos PCNs.
De acordo com os
PCNs, tempo do acontecimento breve é aquele que representa
a “duração de um fato de dimensão breve,
correspondendo a um momento preciso, arcado por uma data. Pode ser,
no caso, um nascimento, a assinatura de um acordo, uma greve, a
independência política de um país, a exposição de uma
coleção artística, a fundação de uma cidade, o início ou o
fim de uma guerra”. No livro, pode-se observar a gravidez da
antes menina, no momento, já mulher e o pai, agora idoso.
A observação do
tempo da conjuntura “é aquele que se prolonga e pode ser
apreendido durante uma vida, como o período de uma crise
econômica, a duração de uma guerra, a permanência de um
regime político, o desenrolar de um movimento cultural, os
efeitos de uma epidemia ou a validade de uma lei.” Assim,
percebe-se as mudanças que acontecem com a árvore e seu entorno ao
longo do livro.
A observação do
tempo da estrutura é quase imutável, pois as mudanças que ocorrem
na sua extensão e como citado nos PCNs ”são quase
imperceptíveis nas vivências contemporâneas das pessoas. É
a duração de um regime de trabalho como a escravidão, de
hábitos religiosos e de mentalidades que perduram, o uso de moedas
nos sistemas de trocas ou as convivências sociais em organizações
como as cidades.” O que também pode-se questionar nas
atividades realizadas sobre o livro, pois uma cidade se formou: onde
antes apenas existia uma casa, agora existe uma vila. Quais são as
transformações sociais que ocorreram após este marco?
Conforme Santos:
“No começo da
história do homem, seus instrumentos de trabalho eram separados,
hoje estão cada vez mais indivisíveis, como uma estrada de ferro,
uma autopista etc. O caminho histórico dos instrumentos de trabalho
vai, cada vez mais, da divisibilidade à indivisibilidade e do dado
isolado ao sistema. É o que ocorre com a energia elétrica, a água,
o telefone etc. Outra tendência atual dos instrumentos de trabalho é
ir do diminuto ao imenso - por exemplo, os circuitos integrados e os
hipermercados. Cada um desses instrumentos é um sistema em si mesmo,
que se relaciona com um sistema global. Dessa forma, um
shopping-center tem seu próprio sistema de crédito, seus
estacionamentos, sua lógica organizacional, seu sistema funcional.
Há uma sistematicidade do objeto moderno que se relaciona com um
sistema maior. Passamos dos objetos, geográfica e funcionalmente
isolados, para os objetos agrupados sistematicamente e também
sistêmicos. As cidades mais antigas adaptam-se, transformam-se mais
ou menos lentamente; as novas já nascem assim.” (SANTOS: 1988)
Durante o projeto,
aconteceu uma visita ao CEAMI, lá os alunos puderam realizar
observações e constatações a respeito das modificações da
paisagem. Assim como nossa área verde, será que Ivoti também já
fora diferente? Adquiriram conhecimentos a respeito das sementes,
pássaros e da importância destes para as transformações das
paisagens.
No
retorno ao Ceami, foi realizada a escrita coletiva de texto sobre o
que foi aprendido no CEAMI, de todas as constatações feitas.
O incentivo e o
gosto pela leitura devem ser estimulados ao estudante através de
diversas formas, proporcionando envolvê-los e motivá-los cada vez
mais para o desenvolvimento de habilidades linguísticas e de
comunicação.
Nesse sentido, o 3º
ano A do Ensino Fundamental, da Escola Municipal Jardim Panorâmico
explorou no mês de abril, através a obra "Mas será que
nasceria a macieira?" várias atividades, tais como a reescrita
coletiva do livro, estudos sobre as árvores, sementes, pássaros,
criação de cenas do livro com massa de modelar, montagem da
macieira com garrafas pet, estudo da música Vai crescer, de Mariana
Rios, visualização do filme Lórax, em busca da trúfula perdida,
entre outras.
O
projeto foi baseado na leitura, compreensão e reescrita da história
proposta, realizando comparações e análises sobre as mudanças do
espaço e a influêcia do ser humano no ambiente em que vive.
A
aprendizagem é mais do que aquisição ou apreensão da rede de
determinados conhecimentos conceituais socialmente considerados
relevantes e organizados nos componentes curriculares. É,
principalmente, a modificação desses conhecimentos, criação e
invenção de outros necessários para entender aquilo que damos o
nome de realidade.
Bibliografia:
BERGAMASCHI,
M. A .
O tempo Histórico nas primeiras séries do ensino Fundamental.
In: 23ª Conferencia anual da ANPED, 2000, Caxambu/MG. Publicações
do GT 7: Ensino Fundamental, 2000. p. 1-13.
SANTOS, Milton.
METAMORFOSES DO ESPAÇO HABITADO, fundamentos
Teórico e
metodológico da geografia. Hucitec.São Paulo 1988.
Parâmetros
curriculares nacionais: História, Geografia/Secretaria de
Educação Fundamental. – Brasília: MEC/SEF, 1997. 166p.
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